Tukano

O povo indígena Tukano autodenomina-se Ye’pâ-masa ou Daséa. É a etnia mais numerosa da família linguística Tukano Oriental. Concentram-se, principalmente, nos rios Tiquié, Papuri e Uaupés, mas também estão morando no Rio Negro, na jusante da foz do Uaupés, inclusive, na cidade de São Gabriel. É possível que existam mais de 30 subdivisões entre os Tukano, cada qual com um nome e, idealmente, compondo um conjunto hierarquizado. Estima-se uma população de cerca de 6 mil pessoas. 

A etnia Tukano é uma das 17 que habitam as margens e os afluentes do Rio Uaupés, que nasce na Colômbia e tem cerca de 1.375 Km de extensão. Desses, 342 Km estão no noroeste da Amazônia brasileira entre o Rio Papuri, na fronteira com a Colômbia, e o Rio Negro.

Liderança indígena Álvaro Tukano Imagem: UFSCar de Muitas Línguas

Ameaças 

O contato entre os Tukano e os não-indígenas é muito antigo, remonta à primeira metade do século XVIII, quando os portugueses fizeram incursões na Amazônia em busca de escravos. Já no século XX, o ciclo da borracha também impactou a vida dos indígenas na região do Uaupés. Mas são as missões religiosas que causam grandes transformações no modo de vida das comunidades Tukano. Os grupos mais isolados conseguem conservar boa parte do seu modo de vida.

A mudança cultural também é percebida pela substituição das malocas como foco de atividades coletivas por centros comunitários nas aldeias. O centro comunitário serve, ao mesmo tempo, para orações, refeições comunitárias e rituais tradicionais, como caxiris e dabukuris. Esses rituais marcam eventos importantes nas vidas dos aldeões, tais como expedições de pesca e trabalhos coletivos em projetos comunitários. O centro também é usado para festejos aos dias de santo do calendário católico, formaturas escolares, eventos esportivos, reuniões políticas etc. 

O consumo de álcool também faz parte das mudanças culturais e que impactam as comunidades, com crescente aumento de violências devido ao alcoolismo. 

Outro problema recente é o êxodo cada vez maior dos Tukano que estão deixando suas aldeias para ir viver em São Gabriel da Cachoeira (AM) em busca de educação e emprego. Com isso, a vida nas malocas e a rica diversidade dos rituais são preservadas apenas na memória dos anciões. 

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Artesanato e Arte Indígena 

A caça, o extrativismo, a pesca e a agricultura são as principais atividades econômicas das comunidades indígenas da região do Rio Uaupés. 

O treinamento na confecção de artesanato faz parte dos rituais de iniciação, passados a homens e mulheres em um processo integrado entre desenvolvimento intelectual, espiritual e técnico. O fazer artesanal é uma forma de confeccionar a si mesmo e o mundo, em uma espécie de meditação que traz à tona as interconexões entre objetos, corpos, casas e o universo.

Os Tukano são fabricantes tradicionais do banco ritual, feito de madeira (sorva) e pintado, na parte do assento, com motivos geométricos semelhantes aos dos trançados. É um objeto muito valorizado, obrigatório nas cerimônias e rituais, onde se sentam os líderes, kumua (benzedores) e bayá (chefes de cerimônia).


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Sateré Mawe

O povo indígena Sateré Mawé habita a região do médio rio Amazonas em duas terras indígenas, uma denominada TI Andirá-Marau, localizada na fronteira dos estados do Amazonas e do Pará, e outra chamada TI Coatá-Laranjal, na qual vive um pequeno grupo da da etnia Munduruku.

A terra indígena Andirá-Marau possui 780.528 hectares e uma população de 13 mil pessoas. O seu nome se refere aos rios Andirá, em Barreirinha, e Marau, em Maués, afluentes do rio Amazonas.

Os Sateré Mawé são conhecidos por cultivarem o guaraná. O fruto amazônico nativo desse território é tão importante para eles que aparece no mito fundador deste povo. 

Atualmente, vários indígenas Sateré Mawé residem em áreas periféricas de Manaus e formam quatro aldeias urbanas nesta região. 

Saterê Mawé – Foto: Mario Vilela/Funai

Ameaças 

Desde o século XVIII, os Sateré Mawé tiveram seu território alterado pelas missões jesuítas, pela busca das drogas do sertão e pela extração de borracha da seringueira. Mais recentemente, as modificações se deram pela expansão econômica no interior dos municípios de Maués, Barreirinha, Parintins e Itaituba. Esse movimento estimulou a criação de fazendas, a abertura de garimpos, além de provocar o desmatamento e a dominação da economia indígena pelos regatões, comerciantes ambulantes.

As epidemias e a perseguição forçaram o deslocamento dos Sateré Mawé de seus territórios tradicionais, o que também colaborou para a redução de sua população. 

Na década de 1980, os Sateré Mawé protagonizaram um combate à invasão da estatal francesa de petróleo Elf-Aquitaine que abriu 344 km de picadas, 82 clareiras e provocou a morte, por intoxicação, de quatro indígenas. Os indígenas ganharam o processo judicial movido contra a Elf-Aquitaine e também tiveram vitória sobre outra ameaça, a construção da rodovia Maués-Itaituba, que cortaria seu território. 

Atualmente, jovens lideranças indígenas tentam ampliar o território do seu povo e combater o novo inimigo: a construção de dezenas de hidrelétricas, na bacia do Amazonas, que poderão afetar suas terras. 

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Artesanato e arte Indígena 

A subsistência das famílias Sateré Mawé baseia-se na agricultura, com destaque para o plantio de guaraná e de mandioca. O excedente de farinha, mel, castanha, diferentes qualidades de coquinhos, breu, cipós e vários tipos de palhas é comercializado nas cidades vizinhas.

A comunidade indígena também comercializa seus artesanatos e outros artefatos de grande riqueza cultural. Eles são designados por tessumi. Esse artesanato é confeccionado pelos homens com talos e folhas de caranã, arumã e outras matérias-primas extraídas da Floresta Amazônica. Os artesãos fazem peneiras, cestos, tipitis, abanos, bolsas, chapéus e também utilizam, tradicionalmente, os mesmos materiais na construção das paredes e das coberturas de suas casas. 

Peneira Ornamental Satere Mawe
Cestaria Satere Mawe – Peneira Ornamental – Foto: Del Borgo

Desde os anos 1990, a comunidade indígena vem se organizando com o apoio de organizações não-governamentais e buscando autonomia econômica por meio do comércio justo. 

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Baniwa

O povo indígena Baniwa está localizado entre as fronteiras do Brasil com a Colômbia e a Venezuela, integrando um complexo cultural de 22 povos indígenas diferentes, de língua aruak, às margens do rio Içana e seus afluentes. Concentram-se também em comunidades no Alto Rio NegroGuainía (nome do rio Negro na Colômbia) e em centros urbanos de São Gabriel da Cachoeira, Santa Isabel e Barcelos (AM). 

A população Baniwa atual é estimada em 12 mil pessoas, das quais, cerca de 4 mil estão no Brasil, vivendo basicamente de agricultura e da pesca em, aproximadamente, cem aldeias e outras localidades.

Ameaças

Desde o século XVIII, a população indígena Baniwa foi perseguida e ameaçada por colonizadores, protagonizando resistência a diferentes formas de exploração ou catequização. 

Na década de 1970, sofreram novas ameaças com o projeto da BR-210 em suas terras, a construção de pistas de pouso para uso militar, a invasão de empresas de garimpo e resistiram à tentativa de retaliação de suas terras pelo governo federal com a demarcação de “ilhas”. 

Na década de 1990, a população Baniwa começou a se organizar em associações e conquistaram o reconhecimento, os direitos coletivos dos povos indígenas da região do Alto e Médio Rio Negro e a demarcação de um conjunto de cinco terras contínuas, com cerca de 10,6 milhões de hectares, nas quais estão incluídas as áreas de ocupação tradicional dos Baniwa no Brasil.

A população indígena Baniwa ainda sofre com o uso da sua mão de obra de forma precarizada em centros urbanos. 

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Artesanato e Arte Indígena 

As duas atividades básicas de subsistência dos Baniwa são a agricultura e a pesca, também praticam atividades extrativas como piaçava, borracha, sorva, castanha e de minerais. 

Atualmente, a comercialização de artesanatos é uma das poucas fontes regulares de renda monetária do povo Baniwa, especialmente da cestaria de arumã e ralos de madeira. 

São os únicos fabricantes dos raladores de mandioca feitos de madeira e pontas de quartzo, que são distribuídos em toda a região, por meio das trocas interétnicas e dos comerciantes. Atualmente, são os principais produtores de urutus e balaios para venda, tecendo as peças nos mais diferentes tamanhos, tipos de desenho e coloração.

A confecção de cestaria de arumã é uma arte milenar e de excelência, transmitida entre gerações. 

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